5 de junho de 2011
André Luiz Feital de Oliveira Junior
Este trabalho tem como proposta a tentativa de visualizar nos
professores atuais do ensino fundamental um pouco de suas metodologias
aplicadas em sala de aula. Com o conhecimento prévio adquirido durante as aulas
de Didática, as perguntas foram elaboradas com o intuito de compreender melhor
até que ponto os professores se utilizam das chamadas técnicas pedagógicas para
a transmissão dos conteúdos necessários para a formação dos estudantes.
Após uma pequena pesquisa com cerca de noventa alunos de uma escola
municipal, verifiquei que a matemática é para eles a disciplina de maior
dificuldade, e de menor apreço. Quando interrogados sobre a razão do porquê a
definirem como a mais "chata" das matérias, suas respostas variaram
sempre em torno da mesma explicação. Não conseguem entender a importância da
mesma, dizendo que a maior parte do que aprendem jamais será usado em suas
vidas após a escola. Para despertar ainda mais minha curiosidade, a maioria dos
alunos afirmou que esta dificuldade e posterior "repulsa" à
matemática se concretizou, de fato, na passagem do quinto para o sexto ano do
já referido ensino fundamental, coincidentemente ou não, quando deixaram ter a
disciplina ministrada por pedagogos. Entusiasmado com esta
"descoberta", decidi me aprofundar um pouco mais sobre o
"terror" da matemática, e me aventurei na execução de uma nova
pesquisa, esta com cerca de vinte adultos e ex alunos. Para minha surpresa, o
resultado mostrou que compartilhavam da mesma opinião dos jovens estudantes,
qualificando a disciplina dos números e equações a grande "vilã" da
escola. Dos vinte, um foi além, dizendo que a matemática o havia desmotivado a
estudar, fazendo-o interromper prematuramente os estudos.
Embora concorde em alguns aspectos, e discorde de outros, não pude
sozinho chegar a reflexão que me fizesse compreender o alcance do problema da
matemática, pois não disponho em absoluto das ferramentas necessárias para a
perfeita compreensão desta opinião oletiva. Intrigado, porém, decidi realizar
meu estudo não com um professor de história, como havia pensado em fazer antes
da entrevista com os alunos, haja vista ser esta a minha habilitação, mas sim
com um professor de matemática. Para tal, fui auxiliado pelo pai de uma amiga
da faculdade, que gentilmente se propôs a responder as perguntas elaboradas,
embora tenha se mantido um pouco alheio sobre as questões pertinentes a minha
proposta. Vamos a elas:
1- Qual seu nome completo?
Resposta: Meu nome é Paulo Roberto de Oliveira Peixoto.
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2- Em que área atua?
Resposta: Atualmente leciono matemática em escola
municipal e estadual, para alunos do ensino médio e fundamental.
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3- Qual é a sua formação?
Resposta: Sou formado pela faculdade Souza Marques em
Física e Engenharia civil
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4- Então o senhor não tem uma formação propriamente voltada para o
magistério. Gosta de lecionar?
Resposta: Com todas as dificuldades que enfrentamos
hoje, principalmente nós da rede pública, adoro o que faço. Gosto de ver ao
final de cada ano letivo as mudanças que consegui auxiliar em meus alunos,
mesmo naqueles que eu pensava que não haveria sucesso.
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5- Por que decidiu largar a carreira de engenheiro?
Resposta: Comecei minha carreira como engenheiro civil, mas no
entanto ela não me satisfez. Procurava algo que realmente pudesse contribuir
para o bem estar social. Comecei então a lecionar física e matemática, mas
depois optei em ficar só com a matemática.
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6- Como planeja suas aulas?
Resposta: Planejo minhas aulas com a exposição de
exemplos e aplicação de exercícios de fixação. Utilizo livros didáticos e
textos, além de jornais, revistas e outros métodos.
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7- Acha o método de planejamento importante para as aulas?
Resposta: Na prática do magistério devemos agir em prol
do bom entendimento, a partir das ferramentas disponíveis, embora ache que além
do planejamento, o improviso é válido sempre que necessário. A turma dita o
ritmo, e apresenta necessidades novas a cada aula.
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8- Fale sobre as diferenças das redes pública e particular:
Resposta: Ambas as redes possuem suas deficiências e
dificuldades. Meu trabalho requer uma paciência que nem sempre os professores
possuem. É necessário entender o histórico de vida dos diferentes alunos para
saber a bagagem que eles já carregam. Nenhum aluno é igual a outro. Na rede
publica encontramos dificuldades maiores, pois por serem de uma classe social
de menor poder aquisitivo, não possuem recursos complementares na educação. São
meus preferidos, pois acho que precisam de uma atenção especial.
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9- Está satisfeito com a mudança na profissão?
Resposta: Financeiramente não tanto, pois poderia estar
ganhando bem mais como engenheiro, mas do ponto de vista das realizações
pessoais, sim.
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10- Sobre nossa conversa anterior a entrevista, acerca da minha pesquisa
com os alunos da escola Municipal Menezes Cortes, onde não seria exagero dizer
que "detestam" a matemática, o que poderia dizer sobre isso?
Resposta: Estudar matemática está longe de se resumir a
equações e cálculos numéricos. Ela está ligada ao desenvolvimento do raciocínio
lógico, que será necessário para toda a vida. Em relação a não utilizarem tais
fórmulas após o colégio, concordo em partes. Também eu já me indaguei se a
disciplina não deveria ser revista, mas não cabe a nós, na maioria das vezes
escolher ou não. Nos colégios, há um departamento específico que decide aquilo
que você deve apresentar, o que nos torna, em partes, presos a esse ou aquele
planejamento.
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11- E em relação aos adultos que optaram em interromper os estudos por
causa da matemática?
Resposta: Esse é um problema que superficialmente não
pode ser compreendido. Assim como matemática, vejo alunos que sempre vão
detestar esta ou aquela disciplina. No entanto, me arriscaria a dizer que
ensinar requer muito mais do que profundo conhecimento técnico sobre o o
conteúdo. Tornar a aprendizagem leve, e porque não alegre, é tarefa de cada
professor. Infelizmente muitos ainda estão enraizados nos ensinos
tradicionalistas, o que torna a aula um saco mesmo. Para os que abandonaram os
estudos, digo que fizeram grande bobagem. Tudo na vida que tiverem dificuldades
irão simplesmente desistir? Sempre afirmo que uma estrutura familiar adequada é
de suma importância para o aluno. Será que não faltou apoio para esses que
desistiram?
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12- O que poderia ser feito para que a matemática se tornasse mais
agradável?
Resposta: Para mim ela já é agradável, mas se pudesse
reveria de fato alguns conteúdos, que não acho mesmo necessário que alunos de
ensino fundamental precisem ter por hora.
muito legal seu blog, gostei muito.
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